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IPCA

IPCA desacelera, mas vem acima das estimativas em novembro. Como fica a Selic?

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro foi divulgado pelo IBGE nesta terça-feira


Valor Investe

Por Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), classificado como a "inflação oficial" por ser considerado pelo Banco Central para calibrar a Selic, subiu 0,39% em novembro, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10). O indicador mostrou, portanto, uma desaceleração, tendo em vista que em novembro ele registrou uma inflação de 0,56%.

Ainda assim, o resultado veio acima das projeções do mercado. A mediana das 26 projeções coletadas pelo Valor Data, aponavam que o IPCA de setembro avançaria 0,36%. O intervalo das estimativas ia de 0,23% e 0,50%

No ano, o IPCA acumula alta de 4,29% e, nos últimos 12 meses, de 4,87%, acima dos 4,76% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2023, a variação havia sido de 0,28%.

O objetivo perseguido pela autoridade monetária para o IPCA é de 3% para 2024 e 2025, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, o limite tolerado é de 4,5% ao ano. Portanto, o resultado em 12 meses já ultrapassa essa barreira.

Como o resultado impacta a Selic e o seu bolso?

O primeiro efeito prático da inflação é sentido, obviamente, no bolso das pessoas. Afinal, ela mostra que, de um modo geral, as coisas estão ficando mais caras. Mas a alta dos preços também mexe com a vida dos investidores.

Isso porque o instrumento usado pelo Banco Central pra conter a alta dos preços é a Selic. Portanto, a autoridade monetária pode aumentar os juros para encarecer o crédito às pessoas e empresas e, dessa forma, conter o consumo e frear a inflação. O mesmo acontece no cenário oposto. Se a alta dos preços está sob controle, a autoridade monetária pode cortar os juros (ou seja, "baratear o dinheiro") para incentivar que as pessoas e empresas voltem a gastar sem que isso comprometa o bolso delas, já que a alta dos preços está sob controle. Portanto, é um estímulo para a economia aquecer.

Atualmente, o Banco Central voltou a aumentar a Selic. E a razão para a mudança foi justamente a preocupação com a inflação, que tem se mostrado cada vez mais resistente.

Essa preocupação, inclusive, tem se refletido nas previsões do mercado e dos economistas. Na leitura de ontem (9) do Boletim Focus, por exemplo, as projeções tanto para a alta dos preços quanto para a própria Selic dispararam.

Além disso, as chances de a Selic subir de uma vez só um ponto percentual na reunião de amanhã (11) vêm disparando segundo o Termômetro do Copom, do Valor Investe. A ferramenta tem como base contratos de opções negociados na B3.

Esse aumento mais forte seria justamente uma forma de o Banco Central tentar conter a inflação e trazê-la de volta para a meta. É importante lembrar que o objetivo perseguido pela autoridade monetária para o IPCA é de 3% para 2024 e 2025, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, o limite tolerado é de 4,5% ao ano. Portanto, os dados daqui em diante ganharm ainda mais importância para tentar prever os próximos passos do Banco Central.

O que subiu e o que caiu?

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, três tiveram alta em novembro. Segundo o IBGE, a maior variação e o maior impacto foram registradas em Alimentação e bebidas, com alta de 1,55%. Na sequência, vieram os grupos Transportes, que subiu 0,89%, e Despesas pessoais, com avanço de 1,43%. O principal impacto negativo foi observado em Habitação, que recuou 1,53%. Os demais grupos ficaram entre os recuos de 0,04% de Educação e de 0,31% de Artigos de residência.

Alimentação e bebidas

A alimentação no domicílio passou de uma alta de 1,22% em outubro para um avanço de 1,81% em novembro. Segundo o IBGE, foram observados aumentos nos preços das carnes (que subiu 8,02%), no óleo de soja (com alta de 11,00%) e no café moído (que avançou 2,33%). No lado das quedas, destacaram-se a manga (que teve recuo de 16,26%), a cebola (que caiu 6,26%) e o leite longa vida (com queda de1,72%).

A alimentação fora do domicílio subiu 0,88% e registrou variação superior à do mês anterior, quando tinha subido 0,65%. O subitem refeição acelerou de 0,53% em outubro para 0,78% em novembro, enquanto o lanche passou de 0,88% em outubro para 1,11% em novembro.

Transportes

No grupo dos Transportes, a alta de 0,89% foi justificada pelo aumento do subitem passagem aérea, que avançou 22,65%. Os combustíveis caíram 0,15%, influenciados pelas quedas nos preços do etanol (com recuo de 0,19%) e da gasolina (que caiu 0,16%). Por outro lado, o gás veicular avançou 0,09% e óleo diesel subiu 0,03%.

Despesas pessoais

A alta de 1,43% em Despesas Pessoais foi influenciada principalmente pelo cigarro (que subiu 14,91%). O IBGE destaca que em 1º de novembro, houve aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI incidente sobre cigarros. Altas também foram observadas nos subitens pacote turístico (com aumento de 4,12%) e hospedagem (que subiu 2,20%).

Habitação

O grupo Habitação teve queda de 1,53%. A energia elétrica residencial caiu 6,27% em novembro, com a vigência da bandeira tarifária amarela a partir de 1º de novembro.

No subitem taxa de água e esgoto houve um leve aumento de 0,04%.



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