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LARISSA AZEVEDO
DA REDAÇÃO
A mãe de um adolescente de 12 anos, com transtorno do espectro autista (TEA), descobriu que o seu filho sofria agressões na Escola Estadual Antônio Epaminondas, no bairro Lixeira, em Cuiabá. Uma delas foi até filmada (veja abaixo).
A mulher, que registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil, afirmou ainda que os colegas tinham um grupo de Whatsapp para combinar agressões ao menino.
A mãe conta que o adolescente vinha sofrendo bullying desde o início do ano letivo, e era chamado de "autista louco" e "louco". O principal agressor também ficava apertando o dedo do filho, parcialmente amputado, além de atacá-lo com pedras e borrachas.
"Se ele fosse tomar água no banheiro, se ele fosse lanchar o menino ia em cima dele, xingava ele, chamava de louco, chamava de autista louco", afirma.
Ela diz que no último dia 12 o filho chegou em casa nervoso e contou das agressões.
"Na mesma hora que meu filho me contou isso, eu fui lá na escola, para cobrar da direção. A coordenadora chamou mais duas funcionárias e disse que o agressor relatou que não era ele que provocava o meu filho, que era o contrário, era o meu filho que provocava ele".
Acreditando nas profissionais, ela conversou com o menino para que fosse mais obediente, e continuou o mandando para a escola, pedindo que ele ficasse na biblioteca nos intervalos e saísse mais cedo da escola, que fica na mesma rua de sua casa.
Neste último sábado (22), um colega que mora na rua a abordou para dizer sobre um vídeo que circulava entre as crianças em que seu filho era agredido no banheiro da escola.
As imagens mostram uma confusão no banheiro e o momento em que um aluno corre em direção ao adolescente e o agride. Ele, em seguida, se tranca por alguns instantes.
Após ver o vídeo, ela entrou em contato novamente com a coordenação, que continuou negando o fato.
"[A escola] Está dizendo que é mentira do meu menino, mesmo diante do vídeo. Mesmo com o vídeo, eles estão falando que é meu filho que agrediu o menino. Sendo que no vídeo está nítido, mostra que meu filho está com medo. Meu filho não é violento. Ele chora o tempo todo, fica chorando, se assusta, fica com medo", explica a mãe, revoltada.
Ela ainda informa que o adolescente toma dois tipos de remédios controlados, e que nunca foi violento.
"Fizeram esse vídeo e colocaram no WhatsApp. Aí por curtição, por achar legal, eles estavam organizando entre um grupo do WhatsApp que eles iam vir na porta da escola pra pegar o meu filho. Só que eu creio que os meninos que estavam organizando isso não sabem que nós moramos perto da escola, que a gente mora na rua da escola", adiciona.
As agressões
A mãe conta que neste ano o seu filho começou a sofrer bullying por não ter recebido a professora de apoio, responsável por auxiliá-lo no aprendizado e relação com os outros estudantes.
Por ter tido melhora no aprendizado, a escola negou a professora de apoio neste ano, o que resultou no aumento de provocações e posteriormente, em violências.
A mãe reclama que também não há agentes de pátio para impedir as agressões, e que chegou a dizer que o filho precisava ser acompanhado ao banheiro, e que a agressão poderia ser evitada.
Funcionários responderam que "não tinham bola de cristal para saber".
Aprendizado congelado
"Quando ele tinha auxílio da professora de apoio, no ano passado, ele começou a ler, começou a escrever as letras cursivas. Começou a ter um certo aprendizado, né, começou a evoluir. Agora os colegas dele tem atividade, e ele só fica desenhando, brincando com o boneco dele de apoio", explica.
A mãe se revolta com a situação em que o filho se encontra, com medo de ir para a escola e encontrar o agressor.
"Eu quero segurança. Eu quero segurança, eu quero que eles comprometam que meu filho vai ter a professora de apoio esse ano, que ele volte a estudar como ele estava ano passado, sabendo que ano passado era tudo completinho, tudo".
A reportagem tentou contato com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que se posicionou por meio de nota. Leia abaixo:
"A Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT) informa que foram tomadas providências para esclarecer os fatos e assegurar o acolhimento do estudante. Uma equipe psicossocial foi designada para acompanhar o caso, garantindo suporte adequado e os devidos encaminhamentos para combater bullying no ambiente escolar."
Veja o video em https://www.midianews.com.br/cotidiano/video-mostra-agressao-a-aluno-autista-mae-faz-b-o-na-policia/488647
Fonte: MidiaNews