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"Já foi muito penalizado e é uma pena para o resto da vida", completou um ano após perda do filho. Na tarde desta quarta-feira (19), será realizada a segunda audiência referente ao homicídio e maus-tratos contra o jovem.
A primeira audiência foi realizada em novembro do ano passado, quando testemunhas de acusação foram ouvidas e relataram excessos praticados pelo capitão Daniel Alves, réu na ação.
Em entrevista ao programa Tribuna, desta quarta, o pai disse que viajou de Goiás, onde reside, para Cuiabá para acompanhar a audiência, porém a esposa não irá participar por conta do enorme abalo emocional que relembrar os fatos ainda causam.
O pai mencionou que o filho era muito cuidadoso com sua saúde, sempre praticando atividade física, e o sonho era se tornar bombeiro. Ele detalha que o jovem nunca reclamou das atividades durante o curso, mas, depois, em consulta ao celular, foi constado troca de mensagem com colegas que indicaram as irregularidades.
"Eu vou contar uma semana antes do acontecido que foi na piscina, aconteceu que ele saiu desmaiado da piscina depois de tanto pelejar no finalzinho, ele desmaiou, os meninos conseguiram tirar ele e ele ficou desmaiado na borda da piscina. Nesse momento isso está registrado no celular dele", narrou Cleovimar no programa.
Segundo ele, o filho havia reportado os problemas ao superior e esperava uma atitude reparadora, mas não pensava em desistir e nem contou isso à família. O pai soube do fato por amigos que treinavam com Lucas.
O pai conta que desde que perdeu o filho, a ajuda que teve do Estado foi para o translado do corpo até a cidade natal, em Goiás. Depois não houve qualquer suporte.
No decorrer do processo, o pai teve a oportunidade de ficar frente a frente com o capitão acusado de matar seu filho. Cenário que se repetirá hoje, na audiência.
"Eu não sinto mágoa, eu não sinto raiva. Eu fico pensando até nos pais dele, porque eu tenho certeza que os pais deles também estão sofrendo com uma situação dessa, porque sabe que não é fácil. É doloroso demais na conta, mas eu também tenho certeza que o pai dele tá sofrendo nessa situação. A única coisa o que eu quero é que a Justiça seja justa e que se tiver que pagar, que pague, que não deixa essa pessoa livre e para acontecer com outro jovem que alimenta um sonho e de repente vem uma pessoa e destrói tudo. E não destrói só o jovem, com isso morre muitas famílias", afirmou.
O pai da vítima ainda revelou que, prestar a completar um ano desde a morte do filho, quer cuidar de sua saúde e do emocional, que está muito abalado.
"Eu estou muito abalado, já fui penalizado demais da conta e é uma pena para o resto da minha vida. Então, eu tenho que dar uma parada e cuidar da minha saúde", comentou.
Lei
Após a morto do aluno, em 27 de fevereiro de 2024, foi aprovada a Lei 12.579/2024 que torna obrigatório o registro audiovisual de treinamentos militares realizados em instituições de segurança pública do estado. A norma aplica-se a atividades de alto risco e aquáticas.
Fonte: Jessica Bachega/Gazeta Digital