Consta na decisão judicial que decretou a prisão do vereador Paulo Henrique que o parlamentar tentou intervir com a liderança da facção criminosa Comando Vermelho para evitar ou mitigar a punição a seu assessor, o promoter Rodrigo Leal. A punição veio após Leal realizar um show do funkeiro MC Daniel em Cuiabá, no ano de 2023.
Paulo Henrique foi um dos alvos da Operação Pubblicare, deflagrada na manhã desta sexta-feira (20), pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-MT). Ela é um desmembramento da operação Ragnatela, deflagrada em junho, e que desarticulou um grupo criminoso que operava um esquema de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho por meio de shows em casas noturnas em Cuiabá.
Na época em que foi deflagrada a Ragnatela o delegado federal Antonio Flávio citou a situação em que o funkeiro MC Daniel foi impedido de se apresentar em Cuiabá por ser paulista e da região onde a facção dominante é o Primeiro Comando da Capital (PCC).
"Um desses promoters faccionados, inclusive assessor parlamentar, trouxe um artista do estado de São Paulo para um show aqui e, ao realizar o show, percebeu que indivíduos na plateia faziam apologia à facção criminosa. [...] Naquele momento, ele passou a ser hostilizado por integrantes da facção que atua no estado de Mato Grosso e em seguida pessoal do Comando Vermelho puniu esse promoter, impedindo de realizar shows em Mato Grosso num prazo de dois anos", destacou o delegado.
Na decisão da Operação Pubblicare, deflagrada hoje, consta que o vereador Paulo Henrique conversou com Rodrigo Leal sobre a punição.
"Leal demonstra preocupação ao enviar a Paulo um print de rede social no qual consta a seguinte mensagem: '(...) o maior promoter de eventos de Cuiabá está brecado de fazer eventos por 2 anos'. Referindo-se à 'punição' que Rodrigo teria sofrido advinda da facção criminosa", diz trecho.
O parlamentar teria tentado intervir junto ao Comando Vermelho, em favor de Rodrigo, e chegou a marcar uma reunião com um dos líderes, Joadir Alves.
Também foi apontado que o vínculo de Paulo Henrique com a facção criminosa teria se iniciado em 2020 e durava até este ano. A investigação apontou que o vereador exercia uma certa liderança sobre outros alvos da operação.
"Restou demonstrado pela análise de seu aparelho de telefone apreendido que o vínculo ainda persiste, a ponto de participar e influenciar em um suposto julgamento sofrido por seu assessor e integrante do grupo criminoso, Rodrigo Leal".
Fonte: Gazeta Digital MT