Após prisões, 'patriotas' disputam Legislativo

Por Ulisses Lalio em 23/08/2024 às 09:22:53

Três "patriotas" de Mato Grosso que foram presos em Brasília durante os ataques que vandalizaram as sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023, colocaram o "carro na rua" e estão disputando vagas para eleição 2024. Ao que tudo indica os protestos com cunho golpista estão servindo de "trampolim" da cadeia para um cargo eletivo.

Levantamento feito pela Gazeta cruzou os dados da lista final de presos divulgada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), no ano passado, com as informações das candidaturas já registradas no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Três "patriotas" de Mato Grosso que foram presos em Brasília durante os ataque botina e tornozeleira eletrônica no calcanhar, enfeitada com a bandeira do Brasil, Vanderson Alves Nunes (Novo) - Vandinho Patriota, não fez cerimônia durante a convenção do PL em Cuiabá. Vandinho estava com uma camiseta com os dizeres "liberdade aos presos políticos do 8 de janeiro".

Ao falar com a imprensa, negou que tenha participado das invasões golpistas na data que ficou conhecida como "Dia da Infâmia". Vanderson foi o único dos três candidatos que não declarou nenhum bem em seu nome, segundo seu perfil no Divulgacand. Ele é administrador.

No município de Juína (745 km de Cuiabá), Antônio Valdenir Caliare (União), também acrescentou no seu nome de urna o "adjetivo" "O Patriota". Ele também responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF). No sistema do TSE, Caliare informou que é advogado e que possui um patrimônio de R$ 848 mil.

Dias antes dos atos terroristas, Calliari fez um discurso inflamado em cima de um carro de som do QG em Brasília durante carreata. Chegou a esnobar de sua possível prisão. Enfatizou que estava ali, após percorrer mais de 2 mil km, de Juína a Brasília, em defesa da liberdade, da Pátria e da família, afirmou que os Poderes estão corrompidos, chamou a imprensa de podre, pediu socorro às Forças Armadas e disse que preferia morrer de pé do que viver de joelho.

O terceiro candidato que participou da baderna no Distrito Federal é o morador de Juara (à 654 km de Cuiabá), Gleidson de Almeida Dias (PL) Gleidson Dicovery Patriota. Já Gleidson autodeclarou um patrimônio de R$ 1.683.600, sendo assim o mais rico entre os três "patriotas". Ele informou que é comerciante. Em maio deste ano, Gleidson assumiu perante à Justiça sua culpa por participar dos atos atentatórios contra a democracia e se comprometeu a cumprir uma série de condições - como fazer curso com tema sobre a democracia, prestação de serviços à sociedade e pagamento de multa pecuniária no valor de um salário mínimo.

Fonte: Gazeta Digital

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