A Polícia Civil de Mato Grosso aplicou o FormulĂĄrio Nacional de Avaliação de Risco (Fonar) com 5.974 mulheres no primeiro semestre deste ano. O documento é um importante instrumento para avaliar o cenĂĄrio a que estão submetidas as vítimas de violĂȘncia doméstica e familiar.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram aplicados 5.769 formulĂĄrios, houve aumento de 3,5% nas respostas.
O FormulĂĄrio Nacional de Avaliação de Risco foi instituído por meio da Lei 14.149, de 2021, e é aplicado no momento em que as mulheres são atendidas nas delegacias de polícia. O questionĂĄrio é uma forma de apurar os fatores que indicam risco à mulher de sofrer violĂȘncias mais graves e serve para subsidiar a atuação dos órgãos de segurança pública, Ministério Público, Poder JudiciĂĄrio. Além disso, acionar a rede de proteção na gestão do risco identificado, com a tomada de medidas de prevenção e segurança.
"Quando a mulher procura uma delegacia, ela chega ali cheia de angústias, aflições, problemas vividos no ambiente doméstico familiar. Com base nessas circunstâncias, é analisado qual o risco em que a vítima estĂĄ inserida e avaliadas as medidas necessĂĄrias, se é a medida protetiva ou se demanda um pedido de prisão preventiva do agressor ou outra ação cautelar, além de indicar se a mulher pode ser uma vítima potencial de um crime mais grave, como o feminicídio", aponta a delegada Mariell Antonini, da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, Criança e Idoso de VĂĄrzea Grande.
"A anĂĄlise é extremamente importante para que o policial tenha uma visão mais ampla do histórico da violĂȘncia, porque possibilita o real alcance do risco a que a vítima estĂĄ exposta", acrescenta.
A inclusão do FormulĂĄrio Nacional de Avaliação de Risco digitalmente no Sistema Geia da Polícia Civil, a partir do ano passado, deu agilidade na aplicação dos questionĂĄrios às vítimas de violĂȘncia doméstica e familiar, possibilitando, assim, a geração de estatísticas.
O preenchimento do Fonar também é importante para solicitação do benefício do programa SER Família Mulher, do Governo do Estado. Na avaliação é feita a anĂĄlise socioeconômica e a existĂȘncia dos requisitos para recebimento do benefício.
"Na última parte do formulĂĄrio é que é realizado o encaminhamento da mulher vítima de violĂȘncia para a Secretaria de Estado de AssistĂȘncia Social e Cidadania, na região metropolitana de CuiabĂĄ. No interior, essa vítima é encaminhada às Secretarias de AssistĂȘncia Social dos municípios", explica a delegada.
O programa SER Família Mulher é coordenado pela Secretaria de Estado de AssistĂȘncia Social e Cidadania e é destinado às mulheres vítimas de violĂȘncia doméstica e que tenham medidas protetivas, além de estarem em situação de vulnerabilidade social. Por meio do programa, cada mulher atendida recebe um auxílio-moradia no valor de R$ 600,00.
Além do benefício financeiro, o programa, idealizado pela primeira-dama do Estado, Virginia Mendes, como ação afirmativa do Governo do Estado, fortalece a rede de enfrentamento a violĂȘncia contra a mulher envolvendo setores como a saúde, assistĂȘncia social, segurança pública, sistema judiciĂĄrio, e educação, além de parceria com os municípios.
"Todas as ações de segurança são extremamente importantes, e os formulĂĄrios serão imprescindíveis para balizar as ações de combate à violĂȘncia doméstica e, por consequĂȘncia, diminuir os índices de feminicídios", observou a primeira-dama Virginia Mendes.
AnĂĄlise de riscos
A partir da inclusão digital dos formulĂĄrios, a Polícia Civil jĂĄ aplicou, desde o ano passado, 11.743 mil documentos preenchidos junto aos pedidos de medidas protetivas nas delegacias de Polícia.
O Fonar é um instrumento técnico aplicado para auxiliar a Polícia Civil a:
 Reduzir a margem de subjetividade dos profissionais na interpretação da gravidade da situação de violĂȘncia relatada pelas mulheres em situação de violĂȘncia doméstica e familiar;
 Atuar na prevenção para vítimas diretas e indiretas na existĂȘncia de risco de feminicídio (identifica o risco ou potencial da violĂȘncia se tornar recorrente e do agravamento da violĂȘncia e da letalidade);
 Fundamentar pedidos de medidas protetivas (fornece informações sistematizadas para os profissionais);
 Auxiliar as vítimas a compreenderem o grau de risco a que estão expostas;
 Estabelece parâmetros para o monitoramento dos casos e tomada de decisões.
Fonte: Gazeta Digital