Atleta volta ao tatame após acidente e precisa de ajuda para competir em mundial

Por Redação do GD em 29/07/2024 às 08:40:53

Kaike Angelim, atleta representante do jiu-jitsu paradesportivo de Mato Grosso, conquistou medalha de bronze no Grand Slam do Rio de Janeiro no último fim de semana (21). Agora, ele se prepara para competir no campeonato mundial que ocorre em novembro em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. A medalha marca um recomeço no esporte para o atleta, que ficou 1 ano e 6 meses afastado da luta após sofrer um acidente que o deixou paraplégico em dezembro de 2022 e o impediu de praticar o esporte convencional.


Para participar da competição mundial, Kaike está em busca de doações e patrocínio para arcar com os custos de passagem e hospedagem no país sede da competição.

O atleta conta que logo após o acidente que lhe impôs limitações físicas decidiu abandonar as artes marciais. Foi assim que ele passou 1 ano e 6 meses longe do esporte até que, em 13 de julho deste ano, recebeu uma ligação do presidente da Associação Brasileira de parajiu-jitsu, Elcirley Luz Silva, o convocando para representar Mato Grosso no Grand Slam brasileiro em poucos dias no Rio de Janeiro.


Mesmo sem treinar, ele encarou o convite como um desafio e aceitou retornar.


No campeonato, o atleta coloca um kimono pela primeira vez após o acidente e voltou aos tatames. No Rio de Janeiro, ele perdeu lutas, mas contou ao #gd que saiu de cada uma delas com um sorriso no rosto, pois estava fazendo algo que amava.


Após lutar com esportistas de outros estados, vencer algumas disputas e perder outras, Kaike se viu na batalha pelo terceiro lugar. Foi assim que ele conquistou a medalha de bronze e também seu espaço no Grand Slam mundial de jiu-jitsu paradesportivo em Abu Dhabi.


"A minha dificuldade foi algo que eu não olhei. O meu desafio era conseguir entrar em um tatame novamente. Eu não estava preocupado em lutar bem ou treinar. A minha questão ali era "será que eu vou conseguir vestir um kimono novamente?". Eu não olhei para o desafio", relata Kaike.


Aceitar ir para a competição foi um marco na vida de Kaike. Um recomeço após não acreditar que lutaria de novo. Voltar a praticar o jiu-jitsu trouxe sentimentos de felicidade, de se sentir completo. Era como voltar para casa após um longo tempo.


Agora o atleta se prepara para sua rotina de treinos e conquistar o sonhado prêmio no mundial de parajiu-jitsu, no mesmo lugar que já esteve em 2019.


"Depois que eu passei esse momento de voltar aos tatames, mudou toda minha perspectiva. Depois da competição, o secretário de Esporte David Moura me perguntou 'e aí?' e eu disse "e aí que agora eu serei campeão mundial novamente", contou ele.


Apesar de todo o otimismo e expectativas, ele relembra que as dificuldades para um atleta paradesportivo são diferentes e, às vezes, até maiores que para um competidor convencional. A locomoção, patrocínio e locais que poderiam servir de acomodação se tornam muito mais específicas. Por depender de uma cadeira de rodas, existem adaptações que a vida de atleta antes do acidente não necessitavam e isso torna a rotina no esporte algo mais difícil.


O mundial é em novembro e ele está arrecadando fundos para conseguir viajar e se manter nos Emirados Árabes e representar o Brasil. Para doar, utilize a chave Pix 65 992120366, em nome de Antonio Kaike Angelim.

Conheça a história do atleta
A vida de Kaike Angelim ganhou maior visibilidade quando, em 2019, foi classificado para o Grand Slam mundial no Jiu-Jitsu convencional em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos e foi até os semáforos de Cuiabá para vender água e conseguir o dinheiro. A ação repercutiu e um sheik do país estrangeiro patrocinou o esportista para a competição, arcando com os custos de passagem e estadia no país.


Depois desse episódio, o lutador permaneceu se dedicando ao esporte, com o foco no jiu-jitsu. Sua principal fonte de renda vinha das aulas particulares de luta e dos patrocínios para competir.


Em 2022, porém, ao sofrer um acidente automobilístico em que um carro invadiu a preferencial e atingiu a moto que pilotava, ele perdeu os movimentos de boa parte do corpo. A batida foi a sentença que não o permitiria mais participar do esporte, pelo menos não da forma como conhecia.


"Desde então, tenho lutado pela vida, enfrentando uma batalha física e psicológica. Os problemas financeiros foram os mais avassaladores, pois, devido ao acidente, fui impedido de exercer meu trabalho, que era lutar e também atuar como personal fight", explicou ele.


Duas semanas após o ocorrido, o presidente da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Paradesportivo entrou em contato com Kaike afirmando que as portas do parajiu-jitsu estariam sempre abertas para ele. Naquele momento, porém, Kaike não tinha forças e não acreditava que um dia voltaria aos tatames. "Eu coloquei na minha cabeça que eu não queria mais", relatou ele ao GD.

Naquele momento, o que ele não esperava era que sua trajetória no esporte ainda não tinha acabado. 1 ano e 3 meses após o acidente, em Paranatinga (373 km ao Sul de Cuiabá), sua cidade natal, foi convidado pela professora Andressa Ueharo para treinar e participar do atletismo na Associação Desportiva Paranatinga. Ele aceitou e começou um tipo diferente de esporte. Voltar aos tatames ainda não era uma perspectiva. No primeiro mês de treinamento no atletismo ele já conquistou medalhas em campeonatos no estado.


Foi quando recebeu a ligação do presidente da Associação Brasileira de parajiu-jitsu e esteve de volta a um lugar que já havia lutado, que se reencontrou no esporte e percebeu que a vontade de lutar ainda estava lá.


"Minha luta não era para ganhar. Era uma luta comigo mesmo. A medalha representou um recomeço. Em 3 competições que eu participei do atletismo, eu não senti 10% do que eu senti quando entrei no tatame de novo. É algo que eu amo fazer, até arrepio de falar", se emocionou o atleta ao falar de sua paixão pela luta.

Fonte: Gazeta Digital

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