Repórter MT
O médico psiquiatra Werley Peres detonou, em entrevista ao RepórterMT, a possibilidade da liberação do uso da maconha no país. Segundo ele, a droga é extremamente danosa para o cérebro humano e pode levar a criação de uma geração 'limitada e dependente'.
"Só tenho a lamentar. Porque nós vamos criar uma geração de pessoas limitadas, dependentes e, infelizmente, vai impactar na vida de muitas pessoas", disse.
A descriminalização da maconha voltou a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana. O julgamento, entretanto, começou em 2015 e trata sobre a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei das Drogas (Lei 11.343/2006), que tem como objetivo diferenciar usuário de traficante.
O médico especialista explicou que o consumo contínuo da maconha danifica o cérebro, especialmente quando ele está em formação, ou seja, na fase da adolescência até jovens-adultos. Ele ainda enfatizou que pesquisas já comprovaram que o consumo pode desencadear quadros de "esquizofrenia canabinoide".
"A maconha é uma droga extremamente danosa ao cérebro humano, em especial quando ele está em desenvolvimento. (na pré-adolescência até o adulto-jovem). Porque? Ela causa um tipo de situação que se ele não usasse, teria a esquizofrenia canabinoide. Isso já foi comprovado", afirmou.
"Além disso, a maconha piora o quadro de ansiedade naqueles pacientes já com risco de depressão genético. De modo geral, o indivíduo dependente do uso da maconha, naqueles indivíduos que não tem esquizofrenia, causa uma indolência (é quando a pessoa acha que está fazendo alguma coisa, mas ela não está fazendo nada). Na cabeça dela está tudo ok, mas a vida dela fica estagnada", emendou.
Para o psiquiatra, o consumo da maconha é, na verdade, uma porta de entrada para outras drogas e quem defende dizendo que ela é um entorpecente "leve" está "mentindo".
"Algumas pessoas defendem porque falam que a droga não tem tanto impacto. Mentira, a maconha é extremamente danosa. Quem defende isso tem outros interesses, destruir a vida de gente que estava bem. Quando você facilita o uso, você vai ter mais gente utilizando e consequentemente, mais pessoas com problemas. Não dá para quantificar isso. O que podemos dizer com clareza é que ela causa danos neurológicos. (...) A maconha é uma porta de entrada para outras drogas", declarou.
'Epidemia de transtorno mental'
Werley Peres alertou que se a liberação for aprovada, a saúde pública no país não terá condições de tratar as consequências do consumo desenfreado da maconha.
"É um estrago em vida, imagina um adolescente saudável que tem acesso a maconha, porque agora todo mundo usa, imagina o estrago. Nós não temos estrutura na saúde para cuidar de uma 'epidemia' de gente com transtorno mental daqui 10 anos por conta o uso da maconha", explicou.
Julgamento no STF
O processo conta com cinco votos favoráveis e um contrário, são eles; Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Rosa Weber. Já o voto contrário foi feito pelo ministro Cristiano Zanin. A ação está a um voto de atingir maioria favorável no plenário.
Os ministros ainda precisam definir critérios específicos, como a quantidade específica de maconha permitida para uso pessoal, para diferenciar o usuário do traficante de drogas.